Santa Catarina é vice-campeã nacional na produção de arroz, com cerca de 1,2 milhão de toneladas na safra 2023/2024. Esse grão é o quarto produto em Valor da Produção Agropecuária (VPA): responde por R$ 2,1 bilhão (9,4%) do total no Brasil, segundo dado da Epagri/Cepa 2022/2023. A Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária destaca todo o potencial dessa produção no Dia Internacional do Arroz, comemorado em 31 de outubro.
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Práticas disseminadas pela Epagri reduzem em até 30% emissão de metano na rizicultura catarinense
Estimativas baseadas no modelo do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) apontam que as práticas disseminadas pela Epagri e adotadas pelos produtores rurais reduziram entre 20% e 30% a emissão de gás metano na produção de arroz em Santa Catarina nos últimos anos. Assim, esta cadeia produtiva catarinense já atinge a meta estabelecida mundialmente durante a COP 26, de reduzir em 30% as emissões de metano até 2030. Mas esse resultado não veio de uma hora para outra. Reflete duas décadas de trabalho executado pela pesquisa e extensão da Epagri.
O arroz cultivado em áreas alagadas é o segundo maior emissor de gases do efeito estufa (GEE) na agricultura, perdendo somente para a pecuária. O metano, emitido por essa cadeia produtiva, é um dos gases causadores do efeito estufa, juntamente com óxido nitroso e dióxido de carbono.
Santa Catarina é o segundo maior produtor de arroz irrigado do Brasil e líder nacional em produtividade. Segundo a Epagri/Cepa, o Estado produziu 1,16 milhão de toneladas do grão na safra 2023/24. Na safra 2024/25 este volume deve chegar a 1,269 milhão de toneladas.
Marcos Lima Campos do Vale é pesquisador da Estação Experimental da Epagri em Itajaí (EEI) e o atual responsável pelo levantamento das informações que abastecem o Inventário Nacional de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa. Os dados catarinenses são utilizados para a produção das estimativas associadas ao subsetor Cultivo do Arroz do inventário, coordenado pela pesquisadora Walkyria Bueno Scivittaro, da Embrapa Clima Temperado. Segundo o pesquisador, a redução das emissões de metano pelas lavouras de arroz no Estado se deve a duas práticas disseminadas pela Epagri e adotadas pelos rizicultores catarinenses.
Manejo precoce da palha do arroz
Marcos explica que o metano se forma na decomposição dos restos vegetais após o alagamento da quadra. Quanto maior o volume de material vegetal presente na área no momento do preparo do solo para a semeadura, maior é a quantidade de gás metano produzido. Por isso, uma das recomendações aos produtores é adotar o manejo precoce da palha do arroz no período de entressafra.
A prática consiste em fazer a incorporação da palhada do arroz assim que termina a colheita. Uma vez incorporada, a palhada se decompõe mais rapidamente. Desta forma, ela não vai contribuir para a emissão de metano na próxima safra, quando a quadra de arroz for novamente alagada.
Com base no modelo do IPCC, estima-se que a prática promova uma redução de cerca de 50% nas emissões de metano, em comparação ao manejo com incorporação da palha apenas no preparo do solo antes da semeadura. Além de colaborar com a redução da emissão de metano, o manejo precoce da palha promove outras melhorias na lavoura de arroz, que aumentam a produtividade do grão.
Segundo o pesquisador, essa prática de cultivo vem sendo incentivada pela Epagri há mais de uma década. Contudo, a expansão de sua adoção foi mais perceptível nos últimos cinco anos. Isso é resultado de sua priorização nas campanhas de extensão, com ampliação de sua abordagem nos eventos de difusão nos quais a Epagri esteve presente. O pesquisador calcula que, atualmente, pelo menos 70% dos rizicultores catarinenses adotem o manejo precoce da palha do arroz.
Drenagem da quadra
Outra prática que diminui a emissão de metano nas quadras de arroz é a adoção da drenagem da quadra do arroz. Ela deve ser feita entre 50 e 60 dias após o início do plantio. A prática consiste na retirada total da água da quadra, mantendo essa condição por cerca de sete dias, até novo alagamento.
De acordo com Marcos, diversas pesquisas realizadas no Brasil mostram que as emissões de metano pelo arroz ficam mais intensas cerca de duas a três semanas a partir do início do alagamento, com o pico de emissão ocorrendo no período entre 60 e 80 dias. A adoção da prática tem como principal objetivo fazer com que o tempo de alagamento seja inferior ao pico de emissão, reduzindo o total de metano emitido pelo arroz.
Em recente missão aos Estados Unidos, profissionais da Epagri perceberam que o apoio às drenagens das quadras de arroz também é uma preocupação naquele país. Uma política pública que oferece US$150,00 por hectare para cada drenagem realizada pelo rizicultor incentiva a prática.
Cultivares de ciclos precoces e médios
Paralelamente à divulgação das práticas, a Epagri segue desenvolvendo novos cultivares de arroz com ciclos de cultivo precoces e médios, que exigem menos tempo de irrigação. Com base no modelo do IPCC, estima-se que cada dia a mais de alagamento da quadra de arroz promove um aumento de cerca de 1% no total de metano emitido.
A conta é simples: menos tempo de água na quadra, menos emissão de metano. O desafio é promover um melhoramento genético que resulte em cultivares de ciclos mais curtos, mas que mantenham os níveis de produtividade dos cultivares de ciclo mais longos, que são os mais utilizados pelos rizicultores catarinenses.
Um leigo pensaria: não seria mais simples modificar o sistema de produção em Santa Catarina, substituindo o arroz irrigado pelo sequeiro? Marcos tem a resposta na ponta da língua: não. Isso porque o arroz cultivado em terreno alagado é muito mais produtivo, entre outras vantagens que apresenta sobre o cultivo em solo seco.
Epagri faz estimativas de emissão há 20 anos
A emissão de metano nas quadras de arroz catarinenses já era motivo de pesquisa da Epagri há mais de 20 anos, desenvolvida pelo pesquisador aposentado Domingos Sávio Eberhardt. Os resultados das pesquisas conduzidas por Domingos compuseram a base de dados utilizada para a definição dos fatores de emissão de metano pelo arroz, que norteiam as estimativas produzidas nos inventários de emissão da cultura no Brasil.
Marcos afirma que, atualmente, o trabalho da Epagri busca uma evolução na qualidade das estimativas produzidas para Santa Catarina. Segundo o pesquisador, essa evolução está relacionada com o método de levantamento da abrangência de adoção das práticas de maior relevância para o cálculo das emissões. Diferente da metodologia anterior, que tinha como base um consenso entre líderes de pesquisa e extensão da Epagri, as novas estimativas serão baseadas em números aferidos a campo, numa parceria entre o Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa), extensionistas e EEI.
Mas a Epagri ainda quer mais precisão no levantamento da emissão de metano na rizicultura catarinense. Uma parceria que está sendo construída entre a equipe de pesquisa em sensoriamento da Epagri/Ciram e a EEI já trabalha com a perspectiva de estabelecer um protocolo que pretende mostrar a emissão em tempo real. Para tanto, o grupo vai trabalhar no monitoramento de algumas práticas de manejo da lavoura de arroz a partir de imagens de satélite. Esta informação será utilizada para alimentar o modelo do IPCC para produção das estimativas de emissão de metano.
Por: Gisele Dias, jornalista da Epagri
giseledias@epagri.sc.gov.br
Estudo da Epagri comprova: macroalgas cultivadas em SC são boas captadoras de carbono da atmosfera
Um estudo da Epagri avaliou a capacidade de as macroalgas Kappaphycus alvarezii, cujo cultivo vem crescendo em Santa Catarina, capturarem carbono (C) da atmosfera através da absorção do dióxido de carbono (CO2), um dos gases causadores do efeito estufa.
Setembro regista alta nos preços pagos aos produtores catarinenses de grãos e de carnes
O Boletim Agropecuário de outubro mostra que os preços pagos aos produtores catarinenses de feijão, trigo, soja e carnes tiveram alta em setembro. De acordo com o monitoramento do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri (Epagri/Cepa), os melhores resultados foram para o feijão-preto, que teve um crescimento de 25,05% em relação ao mês anterior, e para o trigo, que registrou alta e 17,28% comparado a setembro do ano anterior.
Programa Leite Bom: Governo de SC inicia pagamento de projetos que fortalecem a cadeia produtiva
O Governo do Estado iniciou os pagamentos dos projetos do Financia Leite SC nesta segunda-feira, 29. A medida faz parte do Programa Leite Bom SC, lançado em abril deste ano. O Financia Leite SC oferece empréstimo de até R$ 40 mil por produtor, sem juros e com subvenção de 30%, o que significa um abatimento de até R$ 12 mil no empréstimo. O prazo de pagamento é de 5 anos. Continue reading “Programa Leite Bom: Governo de SC inicia pagamento de projetos que fortalecem a cadeia produtiva”
Balanço Social: a cada real investido na Epagri são gerados R$9,62 para a sociedade
A Epagri entregou R$9,62 de retorno aos catarinenses para cada real investido na Empresa no ano passado. Esse e outros números estão no Balanço Social 2023, apresentado pelo presidente Dirceu Leite na sexta-feira, 19, ao secretário de Estado da Agricultura e Pecuária, Valdir Colatto, e aos demais conselheiros de administração da Epagri. Continue reading “Balanço Social: a cada real investido na Epagri são gerados R$9,62 para a sociedade”
Safra catarinense de maçã encerra com produção quase 24% menor, conforme dados da Epagri/Cepa
A colheita da maçã, em Santa Catarina, encerrou no mês de junho. Conforme os dados levantados pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa), o total colhido, na safra 2023/2024, foi o menor da série histórica mapeada pelo Observatório Agro Catarinense. No site, estão disponíveis as informações das últimas oito safras. A produção total, na safra 2023/2024, foi de aproximadamente 423 mil toneladas. Esse volume é cerca de 24% menor do que o registrado na safra anterior, quando a produção atingiu quase 555,2 mil toneladas. Continue reading “Safra catarinense de maçã encerra com produção quase 24% menor, conforme dados da Epagri/Cepa”
Síntese Anual da Agricultura de Santa Catarina – 2022-2023
A Epagri/Cepa tem a satisfação de disponibilizar a 44ª edição da Síntese Anual da Agricultura de Santa Catarina. Nesta edição, o texto inicial trata sucintamente do desempenho da agropecuária e do agronegócio em 2022 e 2023, especificamente dos comportamentos do Valor da Produção Agropecuária (VPA) e das exportações do agronegócio estadual. A análise mostra que o VPA catarinense de 2023 alcançou o recorde de R$64,3 bilhões. Houve um crescimento nominal de 6,6% sobre o VPA de 2022, de R$60,3 bilhões, que era o recorde anterior. Em termos de composição, a produção animal é o grande destaque na formação do VPA. Em 2023, apenas a soma do valor da participação da produção de suínos para abate (20,2%), de frangos para abate (16,4%), de leite (12,3%) e de bovinos para abate (3,7%) representou 52,6% do VPA estadual. Na produção agrícola, o principal destaque é a soja, com um valor de produção maior que R$ 7,0 bilhões, inferior apenas aos valores da produção de suínos, de frangos e de leite. No caso do mercado internacional, a análise mostra que, em 2023, o agronegócio alcançou o segundo melhor desempenho da história. O valor exportado, de US$ 7,49 bilhões, é superado apenas pelos US$ 7,74 bilhões de 2022. Com isso, o agro respondeu por 64,7% dos US$ 11,58 bilhões gerados pelas exportações totais de Santa Catarina. O setor também foi responsável por 4,5% dos US$165,45 bilhões exportados pelo agro brasileiro. Além dessa breve análise sobre o desempenho recente do valor da produção agropecuária (VPA) e das exportações do agronegócio estadual, este documento disponibiliza dados, informações e conhecimentos sobre a utilização do crédito rural por agricultores e cooperativas e sobre o desempenho produtivo e mercadológico das principais cadeias produtivas dos setores agrícola, pecuário, florestal e aquícola de Santa Catarina. publicação na integra
SC Rural 2 é aprovado pela Comissão de Financiamentos Externos e deve viabilizar US$150 milhões para a agricultura catarinense
O Programa SC Rural 2 foi aprovado em segundo lugar entre os 44 projetos submetidos pela Comissão de Financiamentos Externos (Cofiex), em reunião no dia 14 de março. Com essa aprovação, é vencida uma etapa importante para viabilizar o financiamento de US$120 milhões com o Banco Mundial para a agricultura catarinense, com a contrapartida de US$ 30 milhões Governo do Estado, somando US$ 150 milhões para execução do programa. Continue reading “SC Rural 2 é aprovado pela Comissão de Financiamentos Externos e deve viabilizar US$150 milhões para a agricultura catarinense”
Giro da Safra: Planalto Norte deve colher quase 280 mil toneladas de milho
A safra de milho, no Planalto Norte de Santa Catarina, deve alcançar 279,2 mil toneladas no ano agrícola 2023/2024, com uma produtividade de 9,33 mil quilos por hectare. Essa estimativa é cerca de 3% menor do que a produção registrada na safra anterior. Esses dados foram levantados a partir do primeiro Giro da Safra – Milho e apresentados no evento de encerramento das atividades, que ocorreu nesta quinta-feira, 22. O plantio de milho na região ocupa uma área de 29,9 mil hectares.
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