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50 anos de pesquisa: como a Epagri transformou Santa Catarina no maior produtor nacional de cebola

A produtividade da cebola em Santa Catarina cresceu cerca de 300% nos últimos 50 anos, desde a criação da Empasc, empresa pública de pesquisa agropecuária que deu origem à Epagri. O rendimento médio cresceu de 7,2 toneladas por hectare para 28,8 t/ha. O resultado se deve principalmente ao trabalho da Epagri de desenvolvimento de novas tecnologias de produção e de cultivares mais resistentes e atrativos comercialmente. 

Ações da Epagri de desenvolvimento de novas tecnologias de produção e de cultivares mais resistentes e atrativos impulsionaram produtividade da cultura da cebola (Foto: Aires Mariga/Epagri)

Os dados são da Síntese Anual da Agricultura de Santa Catarina, publicação elaborada pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa). A produção de cebola envolve cerca de oito mil famílias de agricultores que têm na cultura uma importante fonte de renda. Do ponto de vista econômico, a cebola é a hortaliça que apresenta o maior valor bruto de produção, movimentando entre R$ 600 a 900 milhões por ano.

O presidente da Epagri, Dirceu Leite, destaca que a empresa teve um papel preponderante na transformação do cultivo da cebola no Estado, levando Santa Catarina à liderança na produção nacional da hortaliça. Para ele, o desempenho da cebolicultura é fruto de um trabalho que nasce nas estações experimentais, mas ganha força de verdade quando chega às mãos dos agricultores. 

“A história do cultivo da cebola no Estado é também a história da confiança do produtor nas soluções que nós da Epagri construímos junto com eles. Nosso compromisso sempre foi oferecer ciência aplicada, tecnologias acessíveis e informação qualificada para que cada família agricultora pudesse produzir com mais segurança, eficiência e renda”, afirma Leite.

Hoje, a cebola integra a seleta lista dos produtos agropecuários catarinenses que são campeões de produção no Brasil. Dados do Observatório Agro Catarinense referente à safra 2024/2025 mostram que Santa Catarina responde por um terço da área plantada (19.295 hectares) e da produção (556.484 toneladas), com destaque para a cidade de Ituporanga, a capital nacional da cebola.

Variedades mais resistentes

Um dos principais marcos da pesquisa da Epagri em benefício da produção de cebola é o desenvolvimento de novos cultivares. Ao longo de sua história, a empresa lançou 10 variedades com o objetivo de ampliar o potencial produtivo, garantir boa conservação pós-colheita e se aproximar das características que agradam o consumidor. O primeiro cultivar, Empasc 351 – Seleção Crioula, foi lançado em 1984 e marcou a redução da dependência de sementes vindas do Rio Grande do Sul.

Desde então, outras variedades foram sendo incorporadas ao portfólio, até chegar à atual campeã de preferência entre produtores e comerciantes: a SCS373 Valessul. Lançada em 2017, ela já responde por mais da metade da área plantada de cebola em Santa Catarina. A Valessul combina as principais vantagens das duas variedades líderes antes de sua chegada — Bola Precoce e Crioula Alto Vale — reunindo maior resistência a pragas e doenças, além de excelente capacidade de armazenamento e transporte.

Desenvolvida pela Epagri, Valessul é a atual campeã de preferência entre produtores, comerciantes e consumidores (Foto: Aires Mariga/Epagri)

Para o gerente da Estação Experimental da Epagri em Ituporanga, Gerson Wamser, essas características fazem muita diferença na rotina do produtor e no desempenho da cadeia como um todo. “A maior durabilidade no armazenamento permite ao agricultor comercializar a cebola em períodos de preços mais favoráveis, enquanto a resistência às pragas reduz custos com agrotóxicos. Já a casca vermelho-amarronzada, mais firme e aderente, conquistou o consumidor e contribuiu para o sucesso da Valessul no mercado”, destaca.

Sistemas de produção eficientes

A pesquisa da Epagri também foi protagonista no desenvolvimento de sistemas de produção mais eficientes e sustentáveis ambientalmente para a cebolicultura, proporcionando melhor custo/benefício para o produtor. Entre eles, o Plantio Direto de Hortaliças (SPDH), método agrícola que tem como principais pilares o revolvimento da terra limitado à linha da semeadura e a cobertura permanente do solo por meio de palhadas e plantas leguminosas. 

A cebolicultura se concentra em áreas suscetíveis à erosão e com solos bastante frágeis. Com as técnicas do SPDH, houve tanto controle da erosão quanto melhoria das condições do solo e redução do uso de produtos agroquímicos. O resultado direto na produção, segundo pesquisas realizadas pela Estação Experimental de Ituporanga, foi um aumento de até 22% no rendimento da cebola. 

Técnicas como o Plantio Direto contribuíram para sistemas de produção mais eficientes e sustentáveis, ampliando a produtividade

Outro método desenvolvido pela Epagri para os produtores de cebola é o Sistema de Produção Integrada de Cebola (SISPIC). Conforme explica o pesquisador da Estação Experimental de Urussanga, Francisco Olmar Gervini de Menezes Júnior, trata-se de um conjunto de orientações técnicas que tem o objetivo de produzir alimento seguro e sustentável. Ao mesmo tempo em que contribui para o aprimoramento da gestão da propriedade, ele traz redução de custos e agrega valor ao produto, melhorando a renda e diminuindo perdas e desperdícios. 

O sistema ganhou projeção nacional e internacional. Em 2016, o SISPIC foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) como um exemplo de desenvolvimento sustentável agrícola e passou a fazer parte da plataforma digital de boas práticas da organização. Em 2022, o Governo Federal o transformou em uma norma técnica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). 

Por: Cléia Schmitz, jornalista bolsista Epagri/Fapesc

Arroz da Epagri é reconhecido internacionalmente por contribuir com segurança alimentar em tempos de mudanças climáticas

A variedade de arroz SCSBRS126 Dueto, desenvolvida pela Epagri em parceria com a Embrapa, acaba de receber reconhecimento internacional por sua contribuição à segurança alimentar e à adaptação da agricultura às mudanças climáticas. O material foi finalista mundial do “Prêmio da Aliança Global de Bioeconomia para Impacto e Liderança em Bioeconomia 2025” (GBA Award for Impact and Leadership in Bioeconomy 2025), promovido pela Global Bioeconomy Alliance da Novo Nordisk Foundation, na Dinamarca. O prêmio foi concedido durante a conferência anual da GBA em Copenhague, Dinamarca, que ocorreu de 29 de setembro a 3 de outubro de 2025. 

O arroz Dueto foi finalista mundial do Prêmio da Aliança Global de Bioeconomia para Impacto e Liderança em Bioeconomia 2025 (Fotos: Divulgação/Epagri)

Entre propostas de diversos países, a Dueto se destacou entre as cinco melhores do mundo, graças à sua inovação tecnológica e ao impacto social e ambiental comprovado. O projeto premiado, “Melhoramento de Arroz para temperaturas extremas no enfrentamento das mudanças climáticas objetivando segurança alimentar: o caso de sucesso da variedade SCSBRS126 Dueto”, é coordenado pelo pesquisador Rubens Marschalek, da Estação Experimental da Epagri em Itajaí (EEI), e desenvolvido pela  equipe do Projeto Arroz, formada por pesquisadores e extensionistas da empresa.

 

Tecnologia e resiliência

Fruto de 15 anos de pesquisa e de uma sólida rede de cooperação entre Epagri, Embrapa e Udesc/CAV, com apoio de CNPq, Fapesc, Finep e Capes, a Dueto foi lançada comercialmente em 2023 e hoje está presente em mais da metade das áreas de arroz irrigado de Santa Catarina.

O diferencial do arroz Dueto e é a tolerância genética a temperaturas extremas

Conforme explica Marschalek, o principal diferencial da variedade é a tolerância genética a temperaturas extremas. Enquanto outras variedades sofrem esterilidade sob frio intenso (abaixo de 17°C) ou calor excessivo (acima de 38°C), a Dueto mantém produtividade, assegurando colheitas mesmo em condições climáticas adversas. “O grande mérito do arroz Dueto é combinar produtividade e estabilidade em um cenário de mudanças climáticas. Ele representa o futuro da orizicultura, uma resposta científica e tecnológica aos desafios do aquecimento global”, ressalta o pesquisador.

Além do impacto direto no campo, o desenvolvimento da variedade gerou avanços científicos expressivos: 18 publicações técnicas, sete artigos jornalísticos, oito vídeos e reportagens televisivas, além de duas dissertações de mestrado e uma tese de doutorado orientadas pela Epagri e pela Udesc.

O prêmio reconhece e estimula conquistas que aceleram a transição global para uma bioeconomia sustentável

O nome “Dueto” simboliza tanto a parceria entre Epagri e Embrapa quanto a dupla aptidão da planta, resistente ao frio e ao calor. A homenagem se estende ainda aos pesquisadores Orlando Peixoto de Morais (in memoriam), da Embrapa Arroz e Feijão, e Richard Elias Bacha, da Epagri, cuja trajetória marcou a história da orizicultura brasileira.

 

Pesquisa que transforma o campo catarinense

Para o presidente da Epagri, Dirceu Leite, a conquista reforça o papel da empresa na construção de soluções tecnológicas que fortalecem o agronegócio catarinense e a segurança alimentar global. Ele lembra que Santa Catarina é o segundo maior produtor de arroz do Brasil, responsável por 9% da área nacional cultivada, distribuída entre 86 municípios e cerca de seis mil produtores – em sua maioria agricultores familiares.

O arroz Dueto representa o futuro da orizicultura, pois combinar produtividade e estabilidade em um cenário de mudanças climáticas

A evolução da produtividade no estado reflete o impacto da ciência: segundo a Epagri/Cepa, Santa Catarina produzia  1,8 tonelada de arroz por hectare na década de 1970 e passou para 8,73 toneladas por hectare em 2025.  “Essa transformação é resultado da integração entre pesquisa, extensão, produtores e indústria, marca do modelo catarinense de desenvolvimento rural”, salienta o presidente.

De acordo com o diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Epagri, Reney Dorow, o reconhecimento internacional da Dueto simboliza o protagonismo da pesquisa pública. “O arroz Dueto é a prova de que a inovação nasce da ciência aplicada, construída em parceria com quem está no campo. É um orgulho para Santa Catarina e para o Brasil ver uma tecnologia desenvolvida aqui ser reconhecida mundialmente por sua contribuição à sustentabilidade e à segurança alimentar.”

 

Sobre o prêmio

O GBA Award for Impact and Leadership in Bioeconomy 2025 reconhece e estimula conquistas que aceleram a transição global para uma bioeconomia sustentável, premiando inovações e lideranças com impacto social, ambiental e tecnológico.

Com o selo da Global Bioeconomy Alliance, o SCSBRS126 Dueto projeta o nome de Santa Catarina no cenário internacional da bioeconomia. E a Epagri, com 50 anos de atuação em pesquisa agropecuária, reafirma, com esse prêmio, o papel estratégico da pesquisa pública na construção de um futuro mais sustentável.

Epagri comemora 50 anos de pesquisa e projeta um futuro agropecuário pautado em inovação e sustentabilidade

Entre os dias 20 e 23 de outubro, a Epagri promoveu um seminário em Florianópolis para comemorar os 50 anos de pesquisa na empresa e debater o futuro da ciência no campo. O evento reuniu cerca de 400 pessoas, entre pesquisadores, dirigentes e parceiros institucionais. As discussões apontaram que os próximos 50 anos da pesquisa agropecuária em Santa Catarina serão marcados pela inovação aberta, pela sustentabilidade e pela integração entre biotecnologia, digitalização e práticas agroecológicas.

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Epagri/Cepa: 50 anos de dados que guiam decisões estratégicas para o agronegócio catarinense

Santa Catarina é um estado pequeno em extensão territorial, ocupa a 20ª posição entre os estados brasileiros nesse quesito. No entanto, quando o assunto é produção de alimentos, a realidade é bem diferente: o estado se destaca como o oitavo maior produtor do país. Parte desse sucesso se deve ao trabalho silencioso, mas essencial, do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa), que atua nos bastidores da agropecuária catarinense, organizando dados e transformando informação em estratégia.

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Epagri celebra 50 anos de pesquisa e debate os rumos da ciência agropecuária em seminário estadual

Entre os dias 20 e 23 de outubro, a Epagri realiza o Seminário Estadual de Inovação e Sustentabilidade na Pesquisa Agropecuária: Desafios e Oportunidades, em Florianópolis, em comemoração aos 50 anos de pesquisa agropecuária da empresa. O objetivo do evento é discutir os rumos da pesquisa para o futuro, em alinhamento às demandas dos produtores catarinenses para a competitividade do agronegócio.

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Epagri promove Dia de Campo e abertura da colheita da cebola em Ituporanga

No dia 8 de outubro, quarta-feira, a Estação Experimental da Epagri em Ituporanga (EEITU) promove um o Dia de Campo para marcar a abertura da colheita de cebola. O evento começa às 8h e a cerimônia de abertura ocorre às 11h30min com a presença de autoridades e entidades representativas dos produtores rurais. É esperado um público de aproximadamente 300 pessoas, entre técnicos, estudantes de Agronomia e escolas técnicas e produtores de cebola de Ituporanga e de municípios do Alto Vale do Itajaí. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo fone (47) 3533-8818 com Adriana, ou apontando a câmera do celular ara o QR publicado ao final desta matéria.

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50 anos de pesquisa da Epagri transformam o Brasil de importador a exportador de maçã

Se hoje podemos saborear uma maçã produzida em terras brasileiras, isso se deve grandemente ao trabalho de pesquisa da Epagri.  Essa empresa pública do governo de Santa Catarina, vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária, é responsável pelo maior programa de melhoramento genético da fruta no País, além de ser protagonista em diversas pesquisas para o desenvolvimento de tecnologias de produção que são essenciais na matriz produtiva da maçã nos dias atuais. 

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Tecnologia e segurança alimentar: 50 anos de impacto da pesquisa da Epagri na produção de arroz e feijão

Em 2025, a Epagri celebra 50 anos de dedicação à pesquisa agropecuária, com destaque para sua contribuição no cultivo de duas culturas fundamentais para a alimentação dos brasileiros: o arroz e o feijão. Essa dupla tão presente no prato do dia a dia não é apenas tradição — ela também se complementa na nutrição. Juntos, arroz e feijão fornecem proteínas de boa qualidade e todos os aminoácidos essenciais, que são os “blocos de construção” usados pelo nosso corpo para formar músculos, tecidos e outras estruturas importantes para a saúde e o bem-estar.

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Epagri celebra 50 anos de pesquisa agropecuária e reforça seu papel na segurança alimentar do Brasil

Em 2025 a Epagri celebra um marco histórico: 50 anos de dedicação à ciência, à inovação e ao desenvolvimento da agricultura catarinense por meio da pesquisa agropecuária. A origem dessa trajetória remonta a 1975, com a criação da Empresa Catarinense de Pesquisa Agropecuária (Empasc), uma das instituições que deram origem à Epagri, fundada em 1991. Desde então, a Empresa tem sido protagonista na geração e na difusão de conhecimento, contribuindo diretamente para a segurança alimentar do Brasil, qualidade de vida da população e fortalecimento do agronegócio em Santa Catarina.

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Epagri: Capacitação, pesquisa e crédito impulsionam o agronegócio catarinense em 2024

Em 2024, a Epagri consolidou seu papel como pilar do desenvolvimento rural em Santa Catarina. Com um portfólio diversificado de ações, a empresa capacitou jovens e mulheres, investiu em pesquisa, ampliou o acesso ao crédito rural e garantiu assistência técnica a mais de 117 mil famílias. O resultado foi um fortalecimento da agricultura familiar e a geração de novas tecnologias para o campo.

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