Cebolicultura catarinense projeta alta de 6,9% na produção
A cebolicultura catarinense está na entressafra, com lavouras em bom estado, projeção de produção em alta e mercado pressionado pela oferta nacional. De acordo com os analistas do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa), na primeira quinzena de setembro, as lavouras comerciais da safra 2025/26 já estavam 100% implantadas, algumas delas em fase de bulbificação.

As lavouras apresentam boas condições fitossanitárias, com mais de 90% das áreas consideradas saudáveis e em bom desenvolvimento vegetativo. Apenas 10% das lavouras apresentaram intercorrências, como crescimento mais lento em função das baixas temperaturas ou ataques de míldio (Peronospora destructor), favorecidos pela umidade elevada.
A Analista da Epagri/Cepa, Bruna Parente Porto, destaca que as perspectivas para a safra de cebola em Santa Catarina permanecem positivas, desde que o clima se mantenha estável nas próximas semanas. Segundo ela, a combinação de boa luminosidade e menor umidade, especialmente durante e após a colheita, fase crucial para a cura dos bulbos, deve garantir produtividade elevada e reduzir possíveis impactos sobre a qualidade da produção.
“Em outubro inicia a colheita da cebola, começando pelas cultivares de ciclo mais precoce, como a Poranga, uma variedade desenvolvida pela Epagri. O acompanhamento técnico é essencial nesse momento para evitar perdas e garantir a boa qualidade dos bulbos”, ressalta Porto.
A estimativa para esta safra indica uma produção de 594 mil toneladas, o que representa crescimento de 6,9% em relação à safra anterior (556 mil toneladas). Esse aumento é atribuído à expansão de 1,2% da área plantada e à melhoria na produtividade média, projetada em 30,4 t/ha, contra 28,8 t/ha no ciclo anterior.
Os técnicos da Epagri/Cepa destacam que o aumento da produção indica atenção por parte dos produtores, reforçando a importância de planejar custos e estratégias de comercialização, visto que a maior oferta tende a pressionar os preços e, consequentemente, reduzir a rentabilidade da atividade.
Mercado da cebola
Santa Catarina atravessa o período de entressafra da cebola. O último registro de preço pago ao produtor catarinense, apurado pela Epagri/Cepa em junho de 2025, indicava que a saca de 20 kg (Classe 3 a 5) foi comercializada a R$ 30,36, valor inferior ao custo médio de produção, estimado em R$ 1,67/kg.
No mercado atacadista, o preço médio da saca de 20 kg registrou queda de R$ 57,02 em julho para R$ 42,56 em agosto, uma retração de 25,4% em apenas um mês. A tendência é de continuidade na baixa de preços à medida que a colheita avança em outras regiões brasileiras.
Comércio exterior em retração
Com a alta oferta nacional desde o início de 2025, o Brasil reduziu fortemente as importações de cebola. No primeiro semestre, o volume importado foi de 133,9 mil toneladas, o que equivale a 53,6% do total registrado no mesmo período de 2024, quando o país importou 249,7 mil toneladas.
A queda se acentuou no segundo semestre. Em julho, as importações somaram 2.476 toneladas, e em agosto, apenas 137 toneladas — o menor volume mensal desde janeiro. Os principais estados importadores foram Paraná (55,1 t), Rio de Janeiro (56 t) e Rio Grande do Sul (26 t).
O valor desembolsado em agosto foi de US$ 29,5 mil (FOB), com preço médio de US$ 0,21/kg, um aumento de 16,6% em relação a julho. A Argentina manteve-se como o principal fornecedor, respondendo por 81% do total, seguida pela Espanha, com 19%.
Em Santa Catarina, as últimas importações foram registradas em julho, com 56 toneladas vindas da Argentina (US$ 11,2 mil). Em agosto, não houve novas compras externas, refletindo a maior disponibilidade interna do produto.