Litoral Norte de SC aumenta em 12% produção de arroz e alcança marca recorde na safra 2024/25
Os municípios do Litoral Norte de Santa Catarina produziram 32.117 toneladas de arroz na safra 2024/25, aumento de 12,01% em relação ao ano anterior e um recorde para a região. Os números demonstram a vitalidade da rizicultura catarinense e o bom desempenho dos cultivares desenvolvidos pela Epagri, mas também impõem uma série de desafios ao setor produtivo, como dar escoamento ao excesso de produção. Este e outros temas foram tratados no último dia 27 de junho, durante o 25º Seminário de Avaliação da Safra de Arroz no Litoral Norte, realizado na Estação Experimental da Epagri em Itajaí.

Estavam presentes ao evento agricultores de 25 Unidades de Referência Técnica (URTs), que são propriedades rurais selecionadas pela Epagri para demonstrar, validar e difundir tecnologias agrícolas. Nestas propriedades foram plantados sete cultivares de arroz desenvolvidos pela Epagri, para avaliar a produtividade. O SCBRS126 Dueto alcançou o maior rendimento (12.035 sacas), seguido da SCS122 Miura (10.631) e SCS127 CL (10.551).
A analista de socioeconomia da Epagri/Cepa, Glaucia Padrão, fez um amplo panorama da rizicultura catarinense, revelando o desempenho da produção por município, os cultivares plantados, a incidência de pragas e doenças, o custo de produção e a relação entre este custo e arrendamento de áreas para plantio. O Litoral Norte é a região com maior índice de áreas arrendadas (55,9%), em relação ao Sul (53,1%) e Alto Vale do Itajaí (48,3%). E isto pode ser um problema num ano de excesso de produção e queda de preço.
“A produtividade dos municípios do Litoral Norte variou entre 160 e 180 sacas, e a decisão de arrendar deve levar em consideração não só essa informação, como também os preços de mercado. Quanto maior a produtividade e/ou os preços praticados, maior a capacidade de arrendar. Mas no cenário atual, com preços próximos à R$60,00 a saca de 50 kg, já fica inviável arcar com os custos do arrendamento”, alerta. A boa notícia é que, por causa da queda do dólar no período, o custo de produção caiu 7,56%, permitindo que parte dos agricultores não ficassem no vermelho.
“Uma forma de minimizar os efeitos do excedente de arroz é escalonar a venda ao longo do ano e não vender tudo na hora da colheita, quando o preço está mais baixo”, recomenda. Mas a pesquisadora sabe que muitos agricultores vendem toda a produção para ter capital e poder acessar crédito para a próxima safra. “O arrendamento é justificável quando o agricultor tem muito maquinário e precisa de mais terra para produzir, mas é sempre preciso levar em conta o custo de produção para fechar a conta”, reitera.
Uso intensivo de herbicida torna as ervas daninhas mais resistentes
A segunda pesquisadora a apresentar seus estudos foi Cristiane Mara Fiedler, tendo por base um experimento realizado na Fazenda Limoeiro, em São João do Itaperiú, juntamente com o pesquisador da Epagri recém-aposentado, José Alberto Noldin. A pesquisa analisou o desempenho de herbicidas para o controle Scirpus Mucronatus, uma espécie de erva daninha. A equipe testou sete herbicidas e oito combinações de produtos.

Cristiane elencou os problemas mais comuns da atividade, como a falta de rotação de culturas, a repetição de sistemas de cultivo e a ‘soca’, que é uso da semente rebrotada. Eles acarretam prejuízo no solo e na qualidade do grão, além de favorecerem as ervas daninhas. Ela também deu exemplos de outros países, onde o uso abusivo de herbicidas deixou as plantas invasoras mais resistentes. “O uso intensivo seleciona planta, que ganha tolerância ao produto”, complementa.
O fitopatologista da Epagri Klaus Konrad Scheuermann apresentou pesquisa sobre o controle químico das doenças do arroz e a época adequada de aplicação para não deixar resíduo no grão (período de carência antes da colheita), o que inviabiliza exportar para países com legislação mais rígida, como os da União Europeia. Ele avaliou 10 tipos de fungicidas para o controle da mancha no cultivo do arroz SCBRS126 Dueto e comparou o custo de aplicação do fungicida entre tratores e drones, que demonstraram melhor relação custo x benefício.
Klaus chamou a atenção dos agricultores que se interessaram em adquirir um drone com fins agrícolas para se adequarem à Portaria Mapa nº298/2021, que estabelece regras para aeronaves remotamente pilotadas. O drone precisa ser registrado na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea). Além disso, o operador precisa fazer um curso para aplicação aeroagrícola remota e apresentar relatórios mensais ao Sipeagro, sistema vinculado ao MAPA.
Por Renata Rosa, jornalista bolsista da Epagri/Fapesc
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