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23/06/2023 | Mercado Agropecuário

Boletim Agropecuário indica aumento na produção de leite e diminuição no preço do feijão

Quantidade de leite adquirida pelas indústrias do Estado aumentou 4,6% no primeiro trimestre de 2023, em comparação com o mesmo período do ano passado. Por Marcionize Elis Bavaresco

O Boletim Agropecuário de junho, divulgado pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa), trouxe os números consolidados sobre a produção de leite, por unidade da federação, no primeiro trimestre de 2023. Conforme os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da Pesquisa Trimestral do Leite, em âmbito nacional a quantidade de leite adquirida pelas indústrias diminuiu 1,2% em relação ao primeiro trimestre de 2022. Na contramão, Santa Catarina é um dos destaques positivos: a quantidade de leite adquirida pelas indústrias do Estado aumentou 4,6% no primeiro trimestre de 2023, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Bovinocultura de leite
Bovinocultura de leite tem se expandido em algumas regiões do Estado. Foto: Aires Mariga/Arquivo Epagri

A quantidade de leite adquirida pelas indústrias é o principal indicador do aumento da produção. Conforme o analista de Socioeconomia da Epagri/Cepa, Tabajara Marcondes, o avanço registrado no primeiro trimestre segue uma tendência que já vem sendo observada no Estado há alguns anos. Para efeito de comparação, ele explica que nos últimos 10 anos a produção nacional cresceu 1,5%, enquanto em Santa Catarina o aumento foi de 41% no mesmo período. “Na verdade, o que foi inesperado foi o crescimento de 1,4% registrado no ano passado, a expectativa era de um crescimento maior”, afirma. A explicação para um desempenho abaixo do esperado em 2022 foi a estiagem, que atingiu mais intensamente as regiões com maior produção, especialmente o Oeste e Extremo Oeste.

O Boletim Agropecuário é uma publicação mensal da Epagri/Cepa. Ele está disponível AQUI. Confira um resumo das informações divulgadas:

Feijão

No mês de maio, os preços pagos ao produtor de feijão caíram significativamente. As cotações do feijão carioca encerraram o mês com preço médio mensal de R$ 265,46 por saca de 60kg, uma redução de quase 20% em relação ao mês anterior. Para o feijão preto, o preço médio sofreu um recuo de 13%, fechando a média mensal em R$ 215,20 por saca de 60kg. Com uma oferta bastante ajustada à demanda, a ocorrência de uma safra nacional um pouco mais abundante acaba prejudicando a comercialização, reduzindo os preços recebidos pelos produtores.

Em todo o estado, aproximadamente 85,5% da área plantada com feijão segunda safra já foi colhida. A previsão de encerramento da colheita é até a segunda quinzena de junho. Para a safra catarinense 2022/2023 de feijão, a área plantada total (soma do feijão de 1ª e 2ª safra), deverá cair cerca de 9%. Por outro lado, a produtividade deverá ter um incremento de 22%, resultando num aumento de produção de 11% em relação à safra anterior.

Banana

Entre abril e maio de 2023 houve desvalorização das cotações da banana caturra, devido ao aumento na oferta. A expectativa é de manutenção nas cotações com redução na oferta, porém com melhor qualidade da fruta. Para a banana prata, houve desvalorização nos preços devido à menor demanda pela variedade. Em maio, a estratégia dos produtores foi diminuir o ritmo da colheita com a expectativa de redução da oferta da fruta e valorização das cotações futuras para compensar a diminuição sazonal na demanda. Nos cinco primeiros meses de 2023, a produção de banana catarinense participou com 9% do total comercializado no mercado atacadista das centrais de abastecimento nacionais. O valor negociado da fruta catarinense foi de R$65,9 milhões, com aumento de 43,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. 

Arroz

A partir da segunda quinzena de maio, os preços do arroz em casca, que até então vinham apresentando elevação, registraram baixas sucessivas em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Isso se deve ao avanço da colheita e à consequente comercialização, visto que a maioria dos produtores tem necessidade de fazer caixa imediatamente após a colheita para viabilizar a próxima safra. Com relação à safra, a colheita está encerrada no estado. Houve estabilidade na área plantada em comparação com a safra anterior – em torno de 147 mil hectares – e produtividade cerca de 2% acima da obtida na safra anterior, que também esteve acima da média. 

Milho

A produção total da primeira safra no estado, inicialmente estimada em 2,72 milhões de toneladas, foi revista para 2,69 milhões de toneladas. As chuvas abaixo da média na região Oeste, em especial nos municípios do Vale do Rio Uruguai e no Extremo Oeste, refletiram na diminuição da produtividade esperada. Parte desta diminuição foi compensada pelas boas produtividades alcançadas em outras regiões do Estado. No Brasil, está prevista uma produção total de 125,7 milhões de toneladas, elevação na ordem de 11% sobre a safra passada. Os preços aos produtores continuaram sendo pressionados em maio. No ano de 2023, houve um recuo de quase 35%.

Soja

O prognóstico inicial da produção de soja em Santa Catarina, na primeira safra 2022/23, foi de 2,61 milhões de toneladas. Na atualização de maio de 2023, a produção do estado foi elevada para 2,86 milhões de toneladas. A atual safra é a maior da série histórica levantada pelo Epagri/Cepa e pelo IBGE. A produção recorde foi resultado do aumento sistemático da área cultivada no estado e das condições climáticas favoráveis. No Brasil, a confirmação de uma safra recorde em 2022/23, de 155,7 milhões de toneladas, continua forçando os preços da soja no mercado interno. No estado, a cotação de R$126,86 por saca, em maio, foi o menor valor registrado desde 2020. No entanto, na primeira quinzena de junho, as poucas chuvas no cinturão verde nos Estados Unidos, o que pode frustrar as expectativas acerca da safra americana, ofereceram indícios de uma recuperação nos preços dos contratos futuros, o que é um sinal positivo para os produtores.

Trigo

O mês de maio foi marcado por uma acentuada queda nos preços recebidos pelos produtores de trigo. Em Santa Catarina, entre abril e maio, os preços caíram praticamente 9%, fechando a média mensal em R$ 73,47 a saca de 60kg. Nos primeiros 12 dias de junho, a redução nos preços recebidos pelos produtores se acentuou ainda mais. Até a divulgação do Boletim, o preço médio de junho estava em R$70,49 a saca de 60kg. Os baixos preços praticados nos últimos meses, aliado às previsões climáticas de ocorrência de El Ninõ, com repercussão nos meses de setembro a novembro (fase crítica da cultura), diminuíram o ânimo dos produtores, que estão receosos em aumentar suas áreas de plantio. Com isso, a estimativa inicial levantada pela Epagri/Cepa aponta uma redução de 2% na área plantada, em comparação com a safra passada.

Alho

A comercialização da safra catarinense ocorreu de forma lenta em função da saturação do mercado até o mês de março. Dessa forma, muitos produtores comercializaram o produto a preços inferiores ao custo de produção. Atualmente, a comercialização da safra catarinense de alho já alcança mais de 95% da produção. Em relação ao preço pago ao produtor em maio, na praça de referência de Joaçaba, o alho classe 5 foi comercializado a R$7,92/kg, aumento de 22,6% em relação ao mês anterior, que foi de R$6,46/kg. A exemplo das safras anteriores, Santa Catarina deverá ter uma nova redução de área plantada em 2023. Na safra 2018/19 a área foi de 2.406 hectares, passando para 1.171 hectares estimados na safra de 2023/24, redução de 51,33% no período. A produção esperada para a nova safra é de 11.996 toneladas e a produtividade estimada inicialmente é de 10,2 mil quilos por hectare.

Cebola

A comercialização da safra catarinense de 2022/23, que alcançou 551,2 mil toneladas, foi finalizada e, agora, os produtores se preparam para a nova safra. A Epagri/Cepa estima que a área plantada com cebola, na safra 2023/24, deve ter um aumento de 4,69% em relação à safra anterior, ou seja, abranger cerca de 18,4 mil hectares. A estimativa inicial de produção é de mais de 554 mil toneladas, com produtividade média de 30 mil quilos por hectare. Caso a estimativa se confirme, Santa Catarina deverá se manter como o maior produtor nacional de cebola. Nos primeiros cinco meses de 2023, a importação foi de 82 mil toneladas, volume 29,47% menor que no mesmo período do ano passado. Neste ano, a importação até o mês de maio foi de 82 mil toneladas, com desembolso de US$ 7,37 milhões e preço médio (FOB) de US$ 0,21/kg – redução de 22,22% em relação ao preço médio do ano passado.

Bovinos

Os preços do boi gordo em Santa Catarina, nas duas primeiras semanas de junho, apresentaram queda de 2,4% em relação à média do mês anterior. A mesma tendência foi observada nos principais estados produtores, com variações ainda mais expressivas, como no caso de Goiás (-11,0%) e Mato Grosso (-9,9%). Na comparação entre o valor preliminar de junho e o do mesmo mês em 2022, observou-se queda de 13,5% no preço médio

estadual em Santa Catarina. De acordo com dados da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), sistematizados pela Epagri/Cepa e divulgados no Observatório Agro Catarinense, nos primeiros cinco meses deste ano um total de 252,6 mil bovinos foram abatidos em estabelecimentos inspecionados no estado, queda de 2,6% em relação à produção do mesmo período de 2022.

Frangos

Santa Catarina exportou 88,3 mil toneladas de carne de frango (in natura e industrializada) em maio, alta de 1,5% em relação às exportações do mês anterior e de 8,2% na comparação com as de maio de 2022. As receitas foram de US$ 199,4 milhões, crescimento de 8,3% em relação às do mês anterior e de 7,9% na comparação com as de maio de 2022. Apesar da detecção do vírus da influenza aviária em aves silvestres, o Brasil não perdeu sua condição de país livre do vírus e não foram impostas proibições ao comércio internacional de produtos avícolas brasileiros. No acumulado do ano, Santa Catarina exportou 454,5 mil toneladas, com receitas de US$ 985,5 milhões, altas

de 8,7% em quantidade e de 16,7% em valor na comparação com as do mesmo período do ano passado. O estado foi responsável por 23,4% das receitas geradas pelas exportações brasileiras de carne de frango nos cinco primeiros meses do ano.

Suínos

Santa Catarina exportou 54 mil toneladas de carne suína (in natura, industrializada e miúdos) em maio, queda de 4,6% em relação às exportações do mês anterior, mas alta de 16,1% na comparação com as de maio de 2022. As receitas foram de US$ 139,5 milhões, redução de 1,4% em relação às do mês anterior e crescimento de 24,1% na comparação com as de maio de 2022. No acumulado do ano, o Estado exportou 260,7 mil toneladas de carne suína, com receitas de US$ 643,6 milhões, altas de 14,0% e 27,0%, respectivamente, em relação às do mesmo período de 2022. Santa Catarina respondeu por 56,5% das receitas e por 55,1% do volume de carne suína exportada pelo Brasil este ano.

 

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