Estimativa da Safra de Verão 2025/26 mostra cenário de ajustes e decisões estratégicas para o agro
O Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa) divulgou, na última segunda-feira (29), as primeiras estimativas para a safra de verão 2025/26 em Santa Catarina, envolvendo arroz, soja, milho grão, milho silagem, feijão, maçã, banana e tabaco. Os analistas de Socioeconomia e Desenvolvimento Rural apontam para expectativa de crescimento na produtividade de várias culturas, especial a produção de maçãs que na próxima safra deve alcançar 615 mil toneladas, representando um crescimento de 28% em relação ao ano anterior.

Apesar da expectativa de crescimento na produtividade de várias culturas, os analistas da Epagri/Cepa alertam para uma possível retração nos preços, especialmente nos grãos, o que exige cautela dos produtores. Glaucia Padrão, Analista de Socioeconomia e Desenvolvimento Rural, explica que a queda nos preços dos grãos, impulsionada pelo aumento da oferta interna na safra anterior, exige que os agricultores catarinenses iniciem o novo ciclo agrícola revisando estratégias e ajustando as áreas de plantio para equilibrar custos e retornos. “A expectativa é que a análise de mercado e as decisões regionais orientem as escolhas de cultivo e permitam um planejamento mais seguro para a nova safra”, afirma Glaucia.
A estimativa é elaborada por agentes de mercado que coletam dados junto a informantes das principais regiões produtoras do estado. Entre esses colaboradores estão extensionistas da Epagri, cooperativas, prefeituras, sindicatos, bancos e outras instituições ligadas ao meio rural, garantindo um levantamento abrangente e detalhado.
Após a coleta, os dados passam por análise estatística, permitindo avaliar variações na área plantada, produção e produtividade, além de comparar as estimativas iniciais e finais com os números da safra anterior. Reuniões técnicas complementam o processo, reunindo pesquisadores que acompanham de perto os mercados de cada produto, fortalecendo a precisão das projeções.
No vídeo abaixo, a analista Glaucia Padrão detalha os métodos utilizados pela Epagri/Cepa para chegar às projeções da safra.
Confira no link a apresentação completa da safra de verão 2025/2026 em Santa Catarina. O material traz as projeções de produção, área plantada e produtividade das principais culturas, oferecendo um panorama detalhado do cenário agrícola estadual para o próximo ciclo.
Próxima safra de arroz deve ser menor após recorde do último ciclo
A safra de arroz 2025/26 em Santa Catarina começa com retração: a área cultivada deve cair 1,29% e a produtividade recuar 4,91%, retornando a níveis considerados normais após o desempenho recorde do último ciclo. Com isso, a produção total é estimada em 1,22 milhão de toneladas, resultado ainda positivo, mas menos expressivo que o de 2024/25. O excesso de oferta e as dificuldades de escoamento mantêm os preços internos em baixa, o que desestimula o plantio e já se reflete nas lavouras, com 46% da área prevista semeada até o momento.
Recuo nos preços leva produtores a diminuir cultivo de soja no estado
Após mais de dez anos de expansão contínua, a área destinada ao cultivo de soja em Santa Catarina deve encolher 1,75% na safra 2025/26, o equivalente a mais de 13 mil hectares. O recuo ocorre em meio pressão dos preços da oleaginosa em 2025, ao aumento da produção de milho-grão e silagem e à retomada da cultura do tabaco no Sul do estado, enquanto o plantio da nova temporada ainda não começou no estado. A queda nos preços desde 2024 e início de 2025 explica o movimento, embora a oleaginosa siga com peso no comércio exterior: até agosto deste ano, Santa Catarina exportou aproximadamente 1 milhão de toneladas de soja, gerando mais de US$ 400 milhões.
Safra de milho projeta aumento de área cultivada
Após sucessivos anos de retração, a projeção inicial para a safra 2025/26 em Santa Catarina aponta crescimento de 0,83% na área cultivada em comparação ao ciclo anterior, resultado atribuído ao bom desempenho registrado na última temporada. A produtividade média estimada é de 8.735 kg/ha, o que poderá consolidar a segunda melhor marca da série histórica. Ainda assim, a combinação entre área menor e redução na produtividade deve resultar em 2,25 milhões de toneladas colhidas, volume inferior ao ciclo anterior, mas considerado positivo. No mercado doméstico, os preços seguem estáveis, com leve viés de alta sustentado pela demanda para rações e etanol, além do ritmo das exportações. Em Santa Catarina, cerca de 34% da área prevista já foi semeada, beneficiada pelas chuvas regulares que favorecem a germinação e o desenvolvimento inicial das lavouras.
Área de milho para silagem cresce em Santa Catarina, apesar do atraso no plantio
O milho destinado à produção de silagem deve registrar aumento de 1,03% na área de cultivo em Santa Catarina nesta safra. Até o momento, aproximadamente 31% da área estimada já foi plantada. Embora o zoneamento agroclimático permitisse a semeadura desde o início de agosto no Extremo-Oeste e no Sul do estado, o avanço das lavouras acabou sendo retardado pelas baixas temperaturas registradas no mês passado.
Área de feijão primeira safra em SC cai, mas produção deve crescer
Em Santa Catarina, o cultivo do feijão primeira safra segue perdendo espaço para milho e soja, refletindo uma migração de produtores para outras culturas na primeira janela de plantio. Para a safra 2025/26, a área plantada deve cair cerca de 5,67%, passando de 34.499 para 32.544 hectares, com produtividade média estimada em 2.061 kg/ha. Apesar da redução da área, a produção total da primeira safra deve crescer aproximadamente 5,36%, alcançando 67,3 mil toneladas. Até o momento, menos de 1% da área prevista para o estado já foi semeada.
Safra de maça deve elevar produção de maçãs em SC em 28%
A produção de maçãs em Santa Catarina para a safra 2025/26 deve alcançar 615 mil toneladas, representando um crescimento de 28% em relação ao ano anterior. Apesar de uma leve redução de 0,3% na área cultivada, a produtividade média deve aumentar 28,4%, chegando a 35.754 kg/ha. A variedade Fuji lidera a produção, com 53,8% da área e 51,2% da estimativa total, seguida pela Gala, com 44,3% da área e 47,2% da produção, enquanto as maçãs precoces representam 1,9% da área e 1,6% da produção. A região dos Campos de Lages concentra a maior parte da produção, com 83,1% do total, seguida por Joaçaba (11,2%) e Curitibanos (5,6%). Com previsão de maior volume produzido da fruta a expectativa é de melhor margem para os produtores e preços mais competitivos no mercado nacional.
Produção de bananas em SC cresce ligeiramente em 2025/26
A produção de bananas em Santa Catarina para a safra 2025/26 está estimada em 770 mil toneladas, representando um leve crescimento de 0,3% em relação ao ano anterior. A área cultivada deve crescer 3,2%, enquanto a produtividade média reduz 1,9%, atingindo 26.490 kg/ha. A banana-caturra domina a produção, com 72,6% da área e 82,4% da produção estimada, seguida pela banana-prata, com 27,4% da área e 17,6% da produção. As regiões do Norte e do Vale do Itajaí concentram 84,7% da produção, enquanto o Sul responde por 15,3% do volume colhido, mesmo com 24,4% da área em produção. A perspectiva de condições climáticas mais amenas ao longo da safra pode refletir na melhoria no desenvolvimento dos cachos nos bananais com maior qualidade e valorização da fruta no mercado, no comparativo com o ano anterior.
Tabaco em SC cresce em área e produção, impulsionado por preços atrativos
A fumicultura catarinense projeta crescimento para a safra 2025/26, impulsionada principalmente pela expansão da área plantada, que deve subir 3,94%, alcançando 97.126 hectares. A produção total está estimada em 233.782 toneladas, aumento de 3,49% em relação ao ciclo anterior, enquanto a produtividade média estadual se mantém estável em 2.406 kg/ha. O crescimento se dá de forma horizontal, com foco na ampliação da área, refletindo os preços atrativos do tabaco. O cenário regional é heterogêneo: Criciúma projeta salto acima de 40% na área e na produção, enquanto Araranguá e Tubarão também apresentam forte expansão, com crescimento de 20% na área e aumento de 13% a 15% na produção, evidenciando otimismo dos produtores frente à rentabilidade da cultura.