Santa Catarina atinge recorde histórico na safra de tabaco e fatura R$ 4,59 bilhões
O Boletim Agropecuário de setembro de 2025, elaborado pela Epagri/Cepa com base nos dados da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), revela que a safra de tabaco na região Sul do Brasil atingiu 719,9 mil toneladas em 309,9 mil hectares. O crescimento da área cultivada, aliado à produtividade estável e à valorização dos preços, garantiu os maiores volumes e faturamento do setor nos últimos cinco anos.
O desempenho resultou em um faturamento recorde de R$14,57 bilhões, reafirmando a relevância econômica da atividade para Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
Entre os estados, Santa Catarina teve papel de destaque. A produção catarinense atingiu 226,2 mil toneladas, o maior volume registrado desde a safra 2020/21, após a retração de 2023/24. A área plantada também foi recorde, somando 94,2 mil hectares. Mesmo com o crescimento físico da produção, a produtividade permaneceu em patamares elevados, com rendimento médio de 2,40 toneladas por hectare, dentro do padrão histórico da região.
Segundo o analista de Socioeconomia e Desenvolvimento Rural da Epagri/Cepa, Luis Augusto Araujo, a safra marca um período de forte recuperação para o setor em Santa Catarina. “Os resultados expressivos refletem a capacidade de adaptação dos produtores e a manutenção de preços médios valorizados, garantindo rentabilidade mesmo após oscilações no mercado”, destaca.
Segundo levantamento da Epagri/Cepa e da Afubra, o estado registrou faturamento recorde de R$4,59 bilhões, resultado da combinação entre preços atrativos e recuperação da produção. Embora o pico de preço tenha ocorrido em 2023/24, com R$23/kg, o patamar elevado de 2024/25 assegurou rentabilidade e estabilidade ao setor.
Outro ponto de destaque é a ampliação da escala de produção por família produtora. Em Santa Catarina, a área média por unidade passou de 1,93 hectare (2020/21) para cerca de 2,26 hectares em 2024/25. Isso evidencia maior eficiência e busca por rentabilidade, mesmo com o número de famílias produtoras relativamente estável.
Apesar dos desafios em mercados específicos como os Estados Unidos, o tabaco brasileiro manteve sua resiliência no comércio internacional, diversificando destinos e ampliando presença em novos compradores. Santa Catarina, com participação expressiva na produção nacional, também se beneficiou desse movimento.
No balanço final, o estado respondeu por 31,4% da produção, 30,4% da área cultivada e 31,5% do faturamento total do Sul do Brasil na safra 2024/25. Os números consolidam Santa Catarina como protagonista da fumicultura regional e reforçam a importância da atividade para a economia estadual.
No vídeo abaixo o analista da Epagri/Cepa, Luis Augusto Araujo, destaca os pontos mais importantes das últimas cinco safras de tabaco em Santa Catarina.
Boletim Agropecuário de Santa Catarina
O boletim é uma publicação mensal do Centro Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri (Cepa) e traz dados atualizados sobre produção, preços, clima e mercado, servindo como termômetro do agronegócio catarinense. Confira os destaques do Boletim Agropecuário de setembro de 2025:
Arroz catarinense tem safra recorde, mas preços seguem em queda
Os preços médios pagos ao produtor catarinense recuaram entre julho e agosto e seguiram em queda no início de setembro, contrariando o comportamento sazonal de alta esperado no segundo semestre, período de entressafra. A retração é explicada pela expansão da oferta interna, impulsionada pelo aumento da produção nos principais estados, pelo baixo ritmo das exportações e pelo bom desempenho das safras nos países do Mercosul. No atacado, os preços acompanham a mesma tendência e, para os próximos meses, não há expectativa de recuperação significativa, diante dos estoques elevados e da demanda industrial enfraquecida. A safra 2024/25 em Santa Catarina confirmou crescimento de 12,19% na produção, alcançando produtividade recorde de 8,95 t/ha em 145 mil hectares cultivados, resultado das condições climáticas favoráveis e do uso de tecnologias de alto potencial.
Milho inicia recuperação de preços em Santa Catarina
Após atingir o menor valor de 2025 em julho, o preço do milho pago ao produtor catarinense registrou recuperação de 2,4% em agosto e manteve a tendência de alta no início de setembro, com avanço de 1% até o dia 10. O movimento é impulsionado pelo aumento das exportações e pela retenção da produção, que tem parametrizado as cotações pelo mercado de porto. Paralelamente, a safra 2025/26 já começou em algumas regiões do estado, com lavouras em fase de germinação favorecidas pelas chuvas regulares no início de setembro.
Trigo mantém preços em queda e safra catarinense deve encolher em 2025/26
O preço médio do trigo recebido pelos produtores catarinenses caiu 1,61% em agosto frente a julho, fechando a R$74,05 a saca de 60 kg, embora ainda registre alta anual de 9,09%. A proximidade da nova safra, o dólar em patamares baixos e a ampla oferta mundial pressionam as cotações internas. No campo, 98% das lavouras apresentam boas condições e 80% estão em fase vegetativa, enquanto 19% já avançaram para a floração. Para a safra 2025/26, a área cultivada no estado foi reduzida para 100,1 mil hectares, queda de 18,66% em relação ao ciclo anterior. Mesmo com leve ganho de produtividade, estimada em 3.538 kg/ha, a produção total deve recuar 18,11%, alcançando 354 mil toneladas.
Maçã catarinense registra valorização e safra projeta recuperação
O mercado de maçãs em Santa Catarina apresentou valorização de 1,5% no atacado entre julho e agosto, enquanto no cenário nacional a fruta catarinense recuou 0,2% na Ceagesp-SP e avançou 4,6% na Ceasaminas-MG. Já a maçã importada perdeu 2,5% em São Paulo, sendo comercializada a preços inferiores aos da fruta catarinense em julho. Para setembro, a expectativa é de alta nos preços no atacado, impulsionada pela redução dos estoques nacionais, com tendência de valorização da variedade Fuji e desvalorização da Gala. Na comparação de safras, a produção catarinense em 2024/25 alcançou 481 mil toneladas, alta frente ao menor volume registrado no ciclo anterior (423 mil t). Para 2025/26, a previsão é de recuperação ainda maior, sustentada pelo aumento de 9,49% na área em produção e pelas condições climáticas favoráveis, mas o setor deve planejar estratégias para evitar gargalos de armazenagem e distribuição diante do volume elevado esperado para a colheita a partir de janeiro de 2026.
Alho catarinense sofre queda de preços em agosto, mas produção cresce
Em agosto, o preço médio do alho nobre (classes 4 e 5, cx 10 kg) pago aos produtores catarinenses caiu para R$160,00, retração de 20,19% em relação a junho, reflexo do período de entressafra. A safra 2025/26 já foi totalmente plantada, com 93% das lavouras em boas condições e 99% em fase vegetativa. Apesar da redução de 4,37% na produtividade média, estimada em 10.470 kg/ha, o aumento de 12,75% na área plantada elevou a produção prevista de 7,23 mil para 7,79 mil toneladas, crescimento de 7,81% em relação à safra anterior.
Cebola catarinense em entressafra com expectativa de produção maior
Santa Catarina atravessa o período de entressafra da cebola, enquanto outras regiões produtoras do país já iniciaram a colheita, elevando a oferta nacional e pressionando os preços ao produtor e no atacado, além de reduzir as importações. A safra 2025/26 no estado está praticamente concluída em termos de plantio, com 96% da área prevista cultivada e mais de 90% das lavouras em boas condições fitossanitárias, apesar de alguns danos causados por baixas temperaturas e míldio. A produção estimada deve crescer 6,9% em relação ao ciclo anterior, atingindo cerca de 594 mil toneladas, impulsionada pela expansão da área plantada e aumento da produtividade média. No comércio exterior, as importações brasileiras de cebola caíram significativamente, registrando o menor volume do ano em agosto, sem movimentação registrada em Santa Catarina, com Argentina e Espanha como principais fornecedores.
Preço do boi gordo em SC registra leve alta em setembro
O preço do boi gordo em Santa Catarina subiu 0,6% nas duas primeiras semanas de setembro em relação à média de agosto, acompanhando a tendência de valorização dos principais estados produtores, embora em ritmo lento. O aumento interrompe temporariamente a sequência de quatro meses de queda, intensificada em agosto pela incerteza gerada pela tarifa adicional de 40% aplicada pelos Estados Unidos a diversos produtos brasileiros, incluindo a carne bovina. Em comparação ao mesmo período de 2024, e já corrigido pelo IPCA, o preço apresenta valorização expressiva de 20,9%.
Exportações de frango de SC mantêm recuperação apesar de embargos
Em agosto de 2025, Santa Catarina exportou 89,8 mil toneladas de carne de frango, queda de 5,9% em relação a julho, mas alta de 6,7% frente a agosto de 2024, gerando receitas de US$ 178,2 milhões. O desempenho ainda é impactado pelos embargos após a detecção de influenza aviária no Rio Grande do Sul, em maio, mas os resultados reforçam a retomada gradual das exportações. No acumulado de janeiro a agosto, o estado enviou 757,7 mil toneladas, com faturamento de US$ 1,54 bilhão, representando altas de 1,0% em volume e 7,0% em valor sobre 2024. Santa Catarina respondeu por 25,1% do valor e 23% da quantidade das exportações brasileiras, consolidando-se como o segundo maior exportador do país e ampliando sua participação no mercado nacional em 2025.
Exportações de carne suína de SC batem recorde no acumulado do ano
Em agosto, Santa Catarina exportou 56,4 mil toneladas de carne suína, queda de 12,4% em relação a julho e de 8,9% sobre agosto de 2024, gerando receitas de US$ 140,9 milhões. Apesar do recuo mensal, o acumulado de janeiro a agosto mostra desempenho histórico: 489,9 mil toneladas exportadas e faturamento de US$ 1,21 bilhão, altas de 5,1% em volume e 13,1% em valor frente ao mesmo período de 2024. O estado respondeu por 51,9% da quantidade e 52,4% do valor das exportações brasileiras de carne suína, consolidando sua liderança no setor.
Captação de leite em SC bate recorde, mas preços ao produtor recuam
Em 2025, Santa Catarina registrou desempenho recorde na captação de leite, com 825 milhões de litros no segundo trimestre, alta de 4% sobre o trimestre anterior, e 1,616 bilhão de litros no acumulado do primeiro semestre, crescimento de 4,3% frente a 2024, representando 12% da produção nacional. Apesar do aumento da produção, os preços pagos ao produtor caíram: em agosto, a média foi de R$ 2,53 por litro, recuando para R$ 2,44 no início de setembro, com retração em cinco das seis regiões pesquisadas. O movimento de queda também afetou os derivados, como leite UHT, mussarela, queijo prato e leite em pó, pressionados pelo excesso de oferta sem aumento equivalente da demanda.
Veja no vídeo a apresentação completa do Boletim Agropecuário de Setembro.